Boa tarde alunos da Escola Rui Barbosa!
Está publicado abaixo os textos das aulas e, para o 3º ano, o vídeo do trabalho. Acessem-nos e vejam as observações e orientações que deixei para vocês durante os textos. Em breve apresentarei mais vídeos nesta página, conforme formos trabalhando-os e sempre deixarei os textos das próximas aulas antecipadamente para vocês. Abraço e até semana que vem.
Na paz,
João Alberto Mendonça Silva, professor estagiário.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Sociologia 3º ano do Ensino Médio - Alienção, trabalho alienado, consumo alienado e lazer alienado
Alienação, Trabalho Alienado, Consumo Alienado e Lazer Alienado
Alienação
Capaz de ameaçar o
trabalho e a consciência humana desde seus primórdios, a alienação afeta
principalmente o homem do mundo moderno, em que as relações sociais se tornam
cada vez mais determinadas por seu aspecto mercantil ou econômico-financeiro.
Alienação é a
condição psicossociológica de perda da identidade individual ou coletiva
decorrente de uma situação global de falta de autonomia. Encerra portanto uma
dimensão objetiva -- a realidade alienante -- e a uma dimensão subjetiva -- o
sentimento do sujeito privado de algo que lhe é próprio.
O conceito de
alienação é comum a vários domínios do saber. Em psicologia e psiquiatria,
fala-se de alienação para designar o estado mental da pessoa cuja ligação com o
mundo circundante está enfraquecida. Em antropologia, a alienação é o estado de
um povo forçado a abandonar seus valores culturais para assumir os do
colonizador. Em sociologia e comunicação, discute-se a alienação que a
publicidade e os meios de comunicação suscitam, dirigindo a vontade das massas,
criando necessidades de consumo artificiais e desviando o interesse das pessoas
para atividades passivas e não participativas.
Em filosofia
política, fala-se de alienação para designar a condição do trabalhador que, à
semelhança de uma peça de engrenagem, integra a estrutura de uma unidade de
produção sem ter nenhum poder de decisão sobre sua própria atividade nem
direitos sobre o que produz. Transcendendo o âmbito da produção, a alienação se
estende às decisões políticas sobre o destino da sociedade, das quais as
grandes massas permanecem alijadas, e mesmo ao âmbito das vontades individuais,
orientadas pela publicidade e pelos meios de comunicação de massas.
Trabalho alienado
Será que o trabalho
aliena o indivíduo? Para Marx existe sim o trabalho alienado. Este seria o
trabalho que a sociedade industrial criou, a sociedade dominada pela produção
de mercadorias. O trabalho que rompe a ligação entre o homem e sua atividade
vital.
Marx descreveu
algumas características do trabalho alienados, que aqui estão:
"a alienação e
o caráter fortuito do trabalho em relação ao sujeito trabalhador";
"a alienação e
o caráter fortuito do trabalho em relação ao objeto dele";
"a
determinação absoluta do trabalhador pelas necessidades, já que o trabalho
(...) não tem para ele outro significado que ser uma fonte de satisfação de
suas necessidades, enquanto ele só existe para elas como escravo de suas
necessidades";
"resumir o
trabalhador à luta pela subsistência, fazendo com que ele (...) destine sua
vida a adquirir meios de vida".
Estão aí as
características do trabalho alienado segundo Marx. Características estas que
separam o homem de sua naturalidade.
Quem nunca assistiu
ao filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin? Este filme mostrava
explicitamente o trabalho em sua forma de alienação. O indivíduo trabalhava em
uma fábrica de peças e fazia sempre a mesma coisa: apertava roscas. Mas não sabia
para quê? Qual era a finalidade daquilo? Ele era um escravo do trabalho. Não
havia uma finalidade para que estivesse fazendo aquilo, a não ser receber o
salário no final do mês.
Logicamente, o
exemplo é de um filme, mas que não foge da realidade de hoje. Veja nas
indústrias. Trabalhadores fazendo repetições sem conhecer muitas vezes o
produto final daquele parafuso que ele aperta incansavelmente todos os dias.
Sua realidade torna-se limitada e esse trabalho acaba por desumanizar o
indivíduo, fazendo-o trabalhar como escravos de suas necessidades.
Podemos disso tirar
uma conclusão que, num cenário amplo, a sociedade capitalista aliena o ser
humano.
O trabalho
realmente pode alienar um indivíduo e, por consequência disto, pode alienar-se
do mundo por estar vivendo dentro de um espaço limitado. Seu conhecimento pode
não ir mais longe do que apertar um simples parafuso. E será que um trabalhador
como esse consegue discernir a realidade social em que vive?
Ou seja, o Trabalho
alienado, e aquele trabalho em que o Indivíduo passa despercebido por ele, e
pelo que acontece a sua volta e um indivíduo que segue uma rotina capitalista
que de tanto estar acostumado com a rotina ele esquece da vida, ele só espera o
a semana acabar para poder voltar a mesma rotina.
Lazer alienado
O processo de
alienação na sociedade industrial afeta também a utilização do tempo livre
destinado ao lazer.
A indústria
cultural e de diversão vende peças de teatro, filmes, livros, shows, jornais e revistas
como qualquer outra mercadoria. E o consumidor alienado compra seu lazer da
mesma maneira como compra seu sabonete. Consome os “filmes da moda” e frequenta
os “lugares badalados” sem um envolvimento autêntico com o que faz.
Agindo desse modo,
muitos se esforçam e fingem que estão se divertindo, pensam que estão se
divertindo, querem acreditar que estão se divertindo. Na verdade, “através da
máscara da alegria se esconde uma crescente incapacidade para o verdadeiro
prazer.
Consumo Alienado
O Tópico que
provavelmente e o mais importante, o consumo alienado e o indivíduo que compra
certa mercadoria e não usa, geralmente compra por estar na moda ou por influência
das pessoas e da mídia. O Consumo alienado também fala do indivíduo que usa o
produto por estar na moda mesmo não gostando do produto ele o utiliza, para
ficar na moda e para demonstrar diferença de status.
Consumo é o ato de
a sociedade adquirir algo para atender as suas necessidades e seus desejos.
Quando a pessoa compra de uma forma para aliviar sua ansiedade ou compra
exageradamente e muitas vezes nem utiliza o produto, a pessoa se torna
alienada. Oneomania é uma doença que atinge principalmente as mulheres, alguns
dos sintomas que possam detectar a doença é o fato de a pessoa querer comprar
tudo o que vê pela frente, se tornando viciado (a) em compras. As empresas
devem estar sempre atentas e inovando a cada dia para atender as necessidades e
os desejos de seus clientes.
Sociologia 3º ano do Ensino Médio - Documentário para o trabalho
Para os 3º A e B, entrega no dia 15/08. 3º C, dia 20/08.
Sociologia 3º ano do Ensino Médio - Textos sobre a Indústria cultural
indústria cultural:
introdução
Por Ana Lucia Santana
A expressão ‘cultura
de massa’, posteriormente trocada por ‘indústria cultural’,
é aquela criada com um objetivo específico, atingir a massa popular, maioria no
interior de uma população, transcendendo, assim, toda e qualquer distinção de
natureza social, étnica, etária, sexual ou psíquica. Todo esse conteúdo é
disseminado por meio dos veículos de comunicação de massa.
Os filósofos
alemães, integrantes da Escola de Frankfurt
– Theodor W. Adorno e Max Horkheimer -, foram os responsáveis pela criação do
termo ‘Indústria Cultural’. Eles anteviam a forma negativa como a recém-criada
mídia seria utilizada durante a Segunda Guerra Mundial.
Aliás, eles eram de etnia judia, portanto sofreram dura perseguição dos nazistas e, para fugir
deste contexto, partiram para os EUA.
Antes do advento
da cultura de massa, havia diversas configurações culturais – a popular, em
contraposição à erudita; a nacional, que entretecia a identidade de uma
população; a cultura no sentido geral, definida como um conglomerado histórico
de valores estéticos e morais; e outras tantas culturas que produziam diversificadas
identidades populares.
Mas, com o
nascimento do século XX e, com ele, dos novos meios de comunicação, estas
modalidades culturais ficaram completamente submergidas sob o domínio da
cultura de massa. Veículos como o cinema, o rádio e a televisão, ganharam
notório destaque e se dedicaram, em grande parte, a homogeneizar os padrões da
cultura.
Como esta cultura
é, na verdade, produto de uma atividade econômica estruturada em larga escala,
de estatura internacional, hoje global, ela está vinculada, inevitavelmente, ao
poderoso capitalismo industrial e financeiro. A serviço deste sistema, ela
oprime incessantemente as demais culturas, valorizando tão somente os gostos
culturais da massa.
Outro importante
pensador contemporâneo, o francês Edgar Morin, define a cultura de massa ou
indústria cultural como uma elaboração do complexo industrial, um produto
definido, padronizado, pronto para o consumo. Mas, ainda conforme este
estudioso, uma industrialização secundária se processa paralelamente, mais
sutil e, portanto, mais ardilosa, a da alma humana, pois ela ocorre nos planos
imagético e onírico.
Esta cultura é
hipnotizante, entorpecente, indutiva. Ela é introjetada no ser humano de tal
forma, que se torna quase inevitável o seu consumo, principalmente se a massa
não tem o seu olhar e a sua sensibilidade educados de forma apropriada, e o
acesso indispensável à multiplicidade cultural e pedagógica. Com este manancial
de recursos, é possível criar modalidades de resistência a essa cultura
impositiva.
Do contrário, com
os apelos desta indústria, personificados principalmente na esfera
publicitária, principalmente aquela que se devota sem pudor ao sensacionalismo,
é quase impossível resistir aos sabores visuais da avalanche de imagens e
símbolos que inundam a mente humana o tempo todo. Este é o motor que move as
engrenagens da indústria cultural e aliena as mentalidades despreparadas.
O conceito de indústria cultural em adorno e
Horkheimer
Por João Francisco Cabral
Apesar de a Indústria Cultural ser
um fator primordial na formação de consciência coletiva nas sociedades
massificadas, nem de longe seus produtos são artísticos. Isso porque esses
produtos não mais representam um tipo de classe (superior ou inferior,
dominantes e dominados), mas são exclusivamente dependentes do mercado.
Essa visão permite compreender de que
forma age a Indústria Cultural. Oferecendo produtos que promovem uma
satisfação compensatória e efêmera, que agrada aos indivíduos, ela impõe-se
sobre estes, submetendo-os a seu monopólio e tornando-os acríticos (já que seus
produtos são adquiridos consensualmente).
Camuflando as forças de classes, a Indústria
Cultural apresenta-se como único poder de dominação e difusão de uma
cultura de subserviência. Ela torna-se o guia que orienta os indivíduos em um
mundo caótico e que por isso desativa, desarticula, qualquer revolta contra seu
sistema. Isso quer dizer que a pseudo felicidade ou satisfação promovida pela Indústria
Cultural acaba por desmobilizar ou impedir qualquer mobilização crítica
que, de alguma forma, fora o papel principal da arte (como no Renascimento, por
exemplo). Ela transforma os indivíduos em seu objeto e não permite a formação
de uma autonomia consciente.
Englobando a sociedade como um todo,
com um pequeno número de evasão, é quase impossível romper com tal sistema
produtivo. Aqueles que se submetem a esse modelo de indústria nada mais fazem
que falar de modo diferente a mesma coisa. Porém, uma certa crítica ainda pode
ser vista naqueles que fomentam um tipo de arte que produz efeitos estéticos
fora da padronização oferecida pela indústria. Mesmo assim, é uma tentativa que
fica à margem do sistema porque não agrada àquelas consciências acostumadas com
um modelo estandardizado.
O próprio Adorno, como um dos
integrantes da Escola de Frankfurt, onde foi desenvolvida a Teoria Crítica,
construiu um tipo de música calculada nos moldes das músicas clássicas e
eruditas, mas com uma melodia aparentemente horripilante aos ouvidos
acostumados aos acordes da música clássica tradicional (leia-se burguesa). Sua
pretensão é justamente desacostumar a percepção daquela noção tradicional de
ordem e harmonia (já que sua música só parece desarmônica, mas na verdade é
totalmente ordenada e arranjada – dodecafônica) prevalecente na cultura
burguesa vigente à época.
Para Adorno e Horkheimer, Indústria
Cultural distingue-se de cultura de massa. Esta é oriunda do povo, das
suas regionalizações, costumes e sem a pretensão de ser comercializada,
enquanto que aquela possui padrões que sempre se repetem com a finalidade de
formar uma estética ou percepção comum voltada ao consumismo. E embora a arte
clássica, erudita, também pudesse ser distinta da popular e da comercial, sua
origem não tem uma primeira intenção de ser comercializada e nem surge
espontaneamente, mas é trabalhada tecnicamente e possui uma originalidade
incomum – depois pode ser estandardizada, reproduzida e comercializada segundo
os interesses da Indústria Cultural.
Assim, segundo a visão desses autores,
é praticamente impossível fugir desse modelo, mas deveríamos buscar fontes
alternativas de arte e de produção cultural, que, ainda que sejam utilizadas
pela indústria, promovessem o mínimo de conscientização possível.
Sociologia 2º ano do Ensino Médio - As teorias dos movimentos sociais
As teorias dos movimentos sociais
Por Angela
Alonso
As
lágrimas de Jesse Jackson no anúncio da eleição de Barack Obama parecem
encerrar o ciclo das grandes mobilizações urbanas da segunda metade do século
XX. Movimentos sociais, como o pelos direitos civis, de que Jackson foi parte, o
feminista e o ambientalista lograram inscrever demandas suas na agenda
contemporânea; suas organizações civis se profissionalizaram e muitos de seus
ativistas se converteram em autoridades políticas. Essa rotinização do ativismo
anda em par, nesse começo de século, com novidades. As mobilizações coletivas
ganharam escala global, caráter violento e se concentraram em bandeiras
identitárias, compelindo os teóricos a rever suas interpretações.
É
que as teorias dos movimentos sociais se constituíram diante de um quadro bastante
distinto, o do Ocidente dos anos 1960, quando o próprio termo “movimentos
sociais” foi cunhado para designar multidões bradando por mudanças pacíficas
(“faça amor, não faça guerra”), desinteressadas do poder do Estado. Até então
concentrados em pensar revoluções – ou a ausência delas –, os sociólogos
produziram três grandes famílias de explicação para os movimentos sociais. Este
artigo apresenta essas teorias, apontando, em seguida, as adaptações a que
tiveram de se submeter para fazer face à cena contemporânea.
A era clássica das teorias dos movimentos sociais
Dos
anos 1930 a 1960, a sociologia lançou baldes de água fria nas teorias da
revolução. Autores muito heterogêneos, como Riesman e Adorno, por exemplo,
confluíram para teorias da desmobilização política, cuja chave explicativa estava
na cultura, em correlações entre estrutura da personalidade e estrutura da sociedade.
O argumento disseminado era que o individualismo exacerbado da sociedade moderna
teria produzido personalidades narcísicas, voltadas para a autossatisfação e de
costas para a política. Dado o caráter cômodo da dominação no capitalismo
tardio ou na sociedade de massa, operada via consumo e afinada com o padrão
dominante de individuação, a mobilização coletiva eclodiria apenas como irracionalidade
ou, conforme Smelser, como explosão reativa de frustrações individuais, que as
instituições momentaneamente não lograriam canalizar. De uma maneira ou de
outra, a explicação tinha pilares psicossociais, amparando-se em emoções
coletivas, e tom sombrio, ressoando o contexto de avanço dos regimes totalitários.
A
tese da desmobilização, contudo, foi posta à prova pela mudança de cenário. Nos
anos 1960, tanto na Europa, sede do totalitarismo, quanto nos Estados Unidos,
afinal a pátria da sociedade de massas, ressurgiram mobilizações. Alguns
teóricos da revolução ainda as saudaram como retorno do movimento operário,
mas, logo se viu, elas eram bastante peculiares. Não se baseavam em classe, mas
sobretudo em etnia (o movimento pelos direitos civis), gênero (o feminismo) e
estilo de vida (o pacificismo e o ambienta-lismo), para ficar nos mais
proeminentes. Tampouco visavam a revolução política, no sentido da tomada do
poder de Estado. Não eram reações irracionais de indivíduos isolados, mas
movimentação concatenada, solidária e ordeira de milhares de pessoas. Então não
cabiam bem em nenhum dos dois grandes sistemas teóricos do século XX, o
marxismo e o funcionalismo.
A
ruptura está no próprio nome que o fenômeno ganhou. Tratava-se seguramente de
“movimentos”, no sentido de ações coordenadas de mesmo sentido acontecendo fora
das instituições políticas, mas não eram, de modo algum, protagonizadas por mobs,
tampouco por “proletários”. Eram jovens, mulheres, estudantes, profissionais
liberais, sobretudo de classe média, empunhando bandeiras em princípio também
novas: não mais voltadas para as condições de vida, ou para a redistribuição
de recursos, mas para a qualidade de vida, e para afirmação da
diversidade de estilos de vivê-la. Essas demandas “pós-materiais”, como as
chamou Inglehart (1971), se completavam com a opção por formas diretas de ação
política e pela demanda por mudanças paulatinas na sociabilidade e na cultura,
a serem logradas pela persuasão, isto é, léguas longe da ideia de tomada do
poder de Estado por revolução armada. Então eram, sim, movimentos, mas
movimentos sociais.
Texto da aula passada. Lê-lo e colá-lo no caderno, apresentando breve resumo sobre a compreensão do mesmo, que será visto na próxima aula.
Sociologia 1º ano do Ensino Médio - Durkheim e o fato social
Durkeheim e o fato social
Por Paulo
Silvino Ribeiro
Ao final do século
XIX, no período de formação da Sociologia enquanto ciência, Émile Durkheim
preocupava-se em criar regras para o método sociológico, garantindo-lhe um
status de saber científico, assim como as demais áreas do conhecimento, a
exemplo da biologia, da química, entre outras. Contudo, tão importante quanto
definir o método era definir o objeto de estudo. Assim, segundo Durkheim, à
sociologia caberia estudar somente os “fatos sociais”, e estes consistiriam em
maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um
poder de coerção sobre este mesmo indivíduo.
As respostas para
nossa organização social estariam nos fatos sociais e para isso seria
necessária a aplicação de um método para os compreendermos melhor enquanto
objeto sociológico, devendo ser vistos como se fossem “coisas”, como se fossem
objetos passíveis de análise, assim como a biologia se debruça sobre uma
planta. Para ele, o homem naturalmente cria falsas noções do que são as coisas
que o rodeiam, mas não é através da criação de ideias que se chegará à
realidade. Para Durkheim, deve-se propor a investigação dos fatos para buscar
as verdadeiras leis naturais que regem o funcionamento e a existência destes,
pois possuem existência própria e são externos em relação às consciências
individuais.
Em sua obra
intitulada As regras do método sociológico, de 1895, Durkheim afirma
que “espera ter definido exatamente o domínio da sociologia, domínio esse que
só compreende um determinado grupo de fenômenos. Um fato social reconhece-se
pelo seu poder de coação externa que exerce ou é suscetível de exercer sobre os
indivíduos; e a presença desse poder reconhece-se, por sua vez, pela existência
de uma sanção determinada ou pela resistência que o fato opõe a qualquer
iniciativa individual que tenda a violentá-lo [...]. É um fato social toda a
maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coação exterior, ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo,
ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações
individuais”. Os fatos sociais dariam o tom da ordem social, sendo construídos
pela soma das consciências individuais de todos os homens e, ao mesmo tempo,
influenciam cada uma.
O importante é a
realidade objetiva dos fatos sociais, os quais têm como característica a
exterioridade em relação às consciências individuais e exercem ação coercitiva
sobre estas. Mas uma pergunta se coloca: de onde vem esta ação coercitiva?
Pensemos em nossa sociedade atual. Fomos criados, por nossos pais e pela
sociedade, com a ideia de que não podemos, em um restaurante, virar o prato de
sopa e beber de uma só vez, pois certamente as pessoas vão rir ou talvez achar
um tanto quanto estranho, já que existem talheres para se tomar sopa. Não
existem leis escritas que impeçam quem quer que seja de virar o prato de sopa,
segurando-o com as duas mãos para beber rapidamente. No entanto, a grande
maioria das pessoas se sentiria proibida de praticar isso. Da mesma forma, por
que quando trabalhamos em um escritório ou algum lugar formal os homens estão
de terno e não de pijamas? Isso é a ação coercitiva do fato social, é o que nos
impede ou nos autoriza a praticar algo, por exercer uma pressão em nossa
consciência, dizendo o que se pode ou não fazer.
Se um indivíduo
experimentar opor-se a uma dessas manifestações coercitivas, os sentimentos que
nega (por exemplo, o repúdio do público por um homem de terno rosa)
voltar-se-ão contra ele. Em outras palavras, somos vítimas daquilo que vem do
exterior. Assim, os fatos sociais são produtos da vida em sociedade, e sua
manifestação é o que interessa a Sociologia.
Texto para a segunda aula. Lê-lo e colá-lo no caderno e, após isso, apresentar um breve resumo do mesmo na aula em que trabalharmos este assunto.
Sociologia 1º ano do Ensino Médio - O positivismo e a teoria sociológica de Auguste Comte
O positivismo e a teoria sociológica de Auguste Comte
Por Edson Elias
Auguste
Comte
(1798-1857) é um pensador inteiramente conservador, ou seja, um defensor
sem ambiguidades da nova sociedade. Sua motivação repousa no estado de
“anarquia” e “desordem” de sua época, a França do século XIX, período marcado
por um profundo caos social. E ao se deparar com essa realidade se propõe a
pensar a sociedade de forma científica com o objetivo de restabelecer a
coesão e equilíbrio social, mas para isso é necessário ordem.
Positivismo: Segundo Viana
(2006), ele é “uma doutrina que postula entre outras coisas, a necessidade de
utilizar o modelo das ciências naturais e aplica-los ao estudo da sociedade”.
Segundo Simon (2010), “a palavra designa a doutrina e a escola fundada por
Auguste Comte, no século XIX. Seu positivismo compreende não só uma teoria da
ciência, mas também, e simultaneamente, uma determinada concepção da história e
uma proposta de reforma da sociedade e da religião”. Costa (2005), já diz que
“o nome ‘positivismo’ tem sua origem no adjetivo ‘positivo’, que significa
certo, seguro, definitivo. Como escola filosófica derivou do ‘cientificismo’,
isto é, da crença no poder dominante e absoluto da razão humana em conhecer a
realidade e traduzi-la sob a forma de leis que seriam a base da regulamentação
da vida do homem, da natureza e do próprio universo. Com este conhecimento
pretendia-se substituir as explanações teológicas, filosóficas e de senso comum
por meio das quais – até então – o homem explicara a realidade e sua
participação nela”.
Segundo o sociólogo Anthony Giddens, o
tema central de Auguste Comte é a necessidade de conciliar a ordem
com o progresso. Isso devido a sua disputa intelectual com duas
corrente distintas de pensamento social: os Metafísicos Revolucionários
(1789) e a Escola Retrógrada (conservadorismo católico).
Os pensadores da corrente Metafísica
Revolucionária lutavam pelo progresso, mas à custa de ordem,
isso é, embora a sociedade estivesse em caos o mais importante era o progresso,
o afastamento total do Antigo Regime (monarquia-feudal). Por sua vez, a
corrente da Escola Retrógrada lutava pela ordem, sem desejar o progresso,
isso porque desejava o retorno da ordem feudal, ao modelo de hierarquia
estamental e ter novamente poder.
Entretanto o tipo de sociedade prevista
por Comte com a garantia de ambos, ordem e progresso, dava grande
importância às características constantes dos trabalhos da “escola retrograda”,
isso porque esse grupo defendia os valores que Comte entendia como importantes
para o estabelecimento e manutenção da ordem – senso moral, autoridade,
compreensão favorável a desigualdade, sem, contudo, se relacionar com o
catolicismo.
A sociologia de Comte apresenta dois
elementos fundamentais: a doutrina dos três estados e o Estático e Dinâmico. A
doutrina dos três estados refere-se a “descoberta” da lei do desenvolvimento da
mente humana, ou seja, o processo evolutivo do ser humano caracterizado por
três estados/estágios: 1º Teológico;
2º Metafísico; 3º Positivo/científico.
Segundo Simon, a Lei dos três estados é
fundamental ao pensamento de Comte e afirma que “o espírito dos indivíduos,
assim como a espécie humana e as próprias ciências descrevem um movimento
histórico que atravessa um estado
teológico – no qual o espírito humano acredita que os fenômenos são
explicados pela ação de agentes sobrenaturais –, um estado metafísico – no qual os agentes sobrenaturais são
substituídos por forças abstratas como explicação dos fenômenos – e finalmente
atinge, por necessidade histórica, o estado
positivo. É somente nesse terceiro estado que se realiza o verdadeiro
espírito científico, o qual se limita à observação dos fatos, a raciocinar
sobre eles e a procurar suas relações invariáveis, quer dizer, suas leis.
Para Comte, as sociedades possuíam
aspectos que ele denominou Estático e Dinâmico. Estes estão
relacionados à ordem e ao progresso. O aspecto Estático está relacionado
ao que Comte entendia por fatores que deveriam permanecer nas sociedades como
mecanismos integralizadores, ou seja, instituições
moralizadoras e estruturantes da sociedade. Dessa forma o aspecto Estático
está diretamente relacionado à ordem.
Por sua vez, o aspecto Dinâmico é
natural e necessário a toda e qualquer cultura, este se relaciona ao progresso.
Progresso desde o ponto de vista da intelectualidade, as leis dos três estados,
ao progresso produtivo propriamente dito. Portanto, para Comte a sociedade
Européia Capitalista com produção industrial (civilizada) e a ciência se
estabelecendo como dominadora de toda a verdade é o modelo máximo para toda e
qualquer cultura, reproduzindo o eurocentrismo.
Estático: estuda a
harmonia prevalecente entre as diversas condições de existência, o qual
estabelece a Ordem.
Dinâmico: investiga o
desenvolvimento ordenado da sociedade e estabelece as leis do Progresso.
Segundo Simon, Comte afirma que há um
desenvolvimento histórico da sociedade, um progresso da evolução humana, um
progresso, entretanto, que em momento algum antecede a ordem ou carrega em si a
possibilidade de alterar os elementos estáticos da sociedade. Sem ordem não há
progresso, que não é senão o desenvolvimento da própria ordem. Para Comte, portanto,
há complementaridade entre ordem e
progresso e sua proposta será um resumo dessas duas ideias visando
restaurar a unidade social. Uma das ideias-chave do positivismo será: “O amor por princípio, a ordem por base e o
progresso por fim”.
A implicação de subordinar o progresso a
ordem está no fato de que esse modelo de sociedade é uma continuidade da
estrutura de dominação. Ou seja, as instituições
sociais devem ser mantidas e altamente consideradas para que estas consigam
“formatar” as consciências e assim, manter a harmonia social. Manter a Ordem significa acalmar as revoltas
sociais, legítimas ou não, em nome do Progresso,
e nesse caso, o progresso do capitalismo. Dessa maneira, qualquer
reinvindicação que tenha, pelo menos, aparência de revolta deve ser contida
pela força militar, já que a religião e outras instituições sociais não têm
cumprido bem seu papel, com isso chegamos a outra conclusão do pensamento
positivista de Comte. Os problemas sociais não são resultados
das desigualdades socializou pela má distribuição de renda, mas sim pelo enfraquecimento das
instituições sociais.
Ordem e progresso é o lema da
bandeira brasileira, isso porque o positivismo ganhou expressividade a partir
de 1870 influenciando na política nacional. Simon nos esclarece que a variedade
e os modos de adesão ao calendário filosófico-religioso de Comte dividem os
positivistas. Os religiosos ortodoxos, seguidores fiéis da doutrina como um
todo representado principalmente por Miguel Lemos e Teixeira Mendes (fundadores
da primeira Igreja Positivista do Brasil, no Rio de Janeiro), e os heterodoxos,
que aceitavam apenas a parte filosófico-científica da obra de Comte, como Luiz
Pereira Barreto, Alberto Sales, Benjamin Constant, entre outros. E, pode-se
falar ainda de um positivismo político que se situou basicamente no Rio Grande
do Sul, sob a liderança de Júlio de Castilhos, mas que orientou a ação política
de setores militares e civis da pequena burguesia em outros pontos do país.
Os positivistas participaram do
movimento pela Proclamação da República, em 1889, e na Constituição de 1891, e
por sua influência a Bandeira brasileira passou a ostentar o lema clássico do
positivismo.
Texto da primeira aula. Lê-lo e pô-lo no caderno, além de apresentar breve resumo na próxima aula, sem copiar partes do texto. Tudo isso no caderno de vocês.
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